sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Aos domingos, igrejas chinesas teriam hoje mais fiéis do que as europeias somadas


 
Igrejas na China estão transbordando à medida que
 se multiplica o número de cristãos no país.
No passado, a repressão política levou muitos a se 
converterem em segredo. Seriam as conversões atuais 
uma reação ao capitalismo selvagem?
É impossível dizer ao certo quantos cristãos existem
 hoje na China mas ninguém nega que o número 
cresce rapidamente.
O governo diz que são 25 milhões - 19 milhões de protestantes e seis milhões de 
católicos.
Fontes não oficiais dizem, no entanto, que os números oficiais são modestos demais.
  Entre as estimativas independentes, as mais conservadoras apontam para uma 
número em torno de 60 milhões.
Muitos acreditam que aos domingos haja, nas igrejas da China, mais fiéis do que em 
todas as igrejas europeias somadas.
Os novos cristãos podem ser encontrados em vilarejos no interior e também nas grandes
 cidades, onde vivem os jovens de classe média.
Em Segredo
A estrutura do cristianismo chinês é complexa. Durante todo o século 20 na China, ele 
foi associado ao "imperialismo ocidental".
Após a vitória dos comunistas, em 1948, missionários cristãos foram expulsos do país,
 mas o cristianismo continuou sendo permitido em igrejas aprovadas pelo Estado - desde
 que essas igrejas se mantivessem fiéis, primeiramente, ao Partido Comunista.
Para o líder Mao Tsé Tung, no entanto, religiões eram um "veneno".
Sob seu comando, a Revolução Cultural das décadas de 1960 e 1970 tentou erradicá-las.
Forçados a praticar sua religião em segredo, os cristãos chineses não apenas sobreviveram
    Agora, com seus próprios mártires, os fiéis se multiplicaram em número e fervor.
Desde a década de 1980, quando crenças religiosas voltaram a ser permitidas, as igrejas 
oficiais vêm cavando cada vez mais espaço próprio.
Elas são subordinadas à Administração do Estado para Assuntos Religiosos. Estão 
proibidas de tomar parte em qualquer atividade religiosa fora dos locais designados ao culto
 e têm de aderir ao slogan "Ame o país - ame sua religião".
Em troca, o Partido promove o ateísmo nas escolas mas se compromete a "proteger e 
respeitar a religião até o momento em que a religião por si só desapareça".
'Igrejas Domésticas'
Tanto protestantes quanto católicos estão divididos, na China, entre igrejas oficiais e não 
oficiais.
A Associação Patriótica Católica, aprovada oficialmente, nomeia seus próprios bispos e 
não
 tem permissão de manter qualquer contato com o Vaticano, embora os católicos estejam
 autorizados a reconhecer a autoridade espiritual do papa.
Mas existe no país uma Igreja Católica extraoficial, maior, que conta com o apoio 
do Vaticano.
Pouco a pouco, Vaticano e governo tentam chegar a um acordo. Bispos ordenados são 
hoje reconhecidos por ambas as partes, nenhuma admitindo uma soberania maior da outra.
Nos últimos meses, no entanto, as autoridades voltaram a adotar uma linha mais dura,
 fazendo ordenações de bispos contra a vontade do Vaticano. Revidando, o Vaticano
 excomungou um desses bispos recém-ordenados.
Ainda assim, seria um engano descartar a igreja católica oficial.
Nas montanhas a oeste de Pequim, na cidadezinha de Ho Sanju, uma igreja católica erguida
 no século 14 recebe fiéis até hoje.
A fé robusta dos que frequentam a igreja, muitos deles já idosos, resistiu à invasão
 japonesa e à Revolução Cultural.
O hospital do vilarejo é administrado por freiras, uma delas vinda da Mongólia - onde há 
uma grande concentração de católicos.
É em cidadezinhas como essa que a Igreja Católica recruta jovens que receberão 
treinamento para a vida religiosa.
A Igreja Protestante oficial, por sua vez, cresce ainda mais rápido do que a católica.
Em uma manhã de domingo de Páscoa, no centro de Pequim, uma igreja celebrou 
quatro missas. Todas estavam lotadas, com mais de 1.500 fiéis.
Igrejas domésticas
Quantidades como essa, no entanto, significam pouco em comparação ao número de 
fiéis que frequentam as chamadas "igrejas domésticas".
Clandestinas, essas igrejas vêm se espalhando pelo país e incomodando a igreja oficial - 
que teme que o fervor inspirado por essas igrejas provoque uma reação do governo chinês.
O que as autoridades consideram inaceitável é a recusa, pelas igrejas domésticas, em 
aceitar qualquer forma de autoridade oficial sobre elas.
O Estado teme a influência do evangelismo americano e, de fato, a liturgia de algumas
 das igrejas domésticas tem natureza semelhante.
Mas, em muitos outros aspectos, o movimento das igrejas domésticas parece ser, em 
grande parte, um fenômeno tipicamente chinês, carismático, energético e jovem.
Falando à BBC, uma jovem cristã com bom nível educacional descreveu sua igreja dessa 
forma: "Temos 50 jovens profissionais nesta igreja. Todos trabalham muito, não têm tempo
 para atividades sociais".
"Mas na igreja as pessoas sentem um calor, se sentem bem-vindas. Elas sentem que as
 pessoas as amam de verdade, então querem fazer parte da comunidade, muitos vêm por
isso".           Curso de Casamento.
Aos poucos, o Estado vem procurando incorporar o cristianismo em sua "grande ideia" de uma "sociedade 
harmoniosa" - o slogan que domina a vida pública chinesa.
Mas se há uma questão que com certeza preocupa as autoridades é a razão pela qual tantos vêm se voltando
 para a religião.



Hoje, fala-se muito a respeito de uma "crise espiritual" na China. A frase foi usada até pelo 
premiê Wen Jiao Bao.
Os mais velhos puderam acompanhar de perto como uma sociedade regida por dogmas 
marxistas e leninistas se transformou em um modelo dos mais viscerais do capitalismo 
selvagem.
Para os jovens que lutam para enriquecer, a confiança nas instituições e a confiança entre
 indivíduos e entre diferentes gerações está sendo erodida.
Um dos mais importantes filósofos da religião no país, o professor He Guanghu, da 
Universidade Renmin, em Pequim, disse que para essas pessoas, o culto aos bens materiais 
tornou-se o único propósito de suas vidas.
"Acho muito natural que muitas outras pessoas não se satisfaçam (...) e saiam em busca 
de algum significado para suas vidas", disse He Guanghu.
"Por isso, quando o cristianismo entra em suas vidas, elas o agarram com força".
Fonte: Gospeljovens.com.br

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